quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O CAPITALISMO E A FORMAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL

CAPITALISMO E A FORMAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL


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CARACTERÍSTICAS DO CAPITALISMO



O capitalismo é um sistema político, econômico e social, baseado em vários princípios como:

• Propriedade privada dos meios de produção. As pessoas, individualmente ou reunidas em sociedade, são donas dos meios de produção.

• A transformação da força de trabalho em mercadoria. Quem não é dono dos meios de produção é obrigado a trabalhar em troca de um salário.

• A acumulação do capital. Em princípio, o dono do capital quer produzir pelo menor custo e vender pelo maior preço possível. O lucro é a diferença entre o custo de produção e o preço de venda do produto.

• Para diminuir os custos, procura pagar o mínimo possível pelas matérias-primas, salários e outros meios de produção.

• A definição de preços é feita pelo mercado, com base na oferta e na procura, isto é, na disputa de interesses entre quem quer comprar e quem quer vender produtos e serviços. No capitalismo, é o mercado que orienta a economia.

• A livre concorrência. A concorrência é a competição na venda dos bens e serviços. Na prática, a concorrência em que todos são igualmente livres para produzir, comprar, vender, fixar preços, etc. não existe. Isto porque o mercado vem sendo dominado por grandes organizações, que expandem cada vez mais sua área de atuação através de fusões, incorporações e outros modos de ampliar negócios, eliminando pequenos e médios concorrentes.

Tem como principais características a acumulação de capitais através do lucro, a propriedade privada, as classes sociais, o monetarismo, as leis de mercado, as relações de trabalho assalariadas e a economia de mercado.



HISTÓRIA DO CAPITALISMO E A FORMAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL

O capitalismo tem seu início na Europa. Suas características aparecem desde a baixa idade média (do século XI ao XV) com a transferência do centro da vida econômica social e política dos feudos para a cidade.

O feudalismo passava por uma grave crise decorrente da catástrofe demográfica causada pela Peste Negra que dizimou 40% da população européia e pela fome que assolava o povo. Já com o comércio reativado pelas Cruzadas (do século XI ao XII), a Europa passou por um intenso desenvolvimento urbano e comercial e, conseqüentemente, as relações de produção capitalistas se multiplicaram, minando as bases do feudalismo.

Na Idade Moderna, os reis expandem seu poderio econômico e político através do mercantilismo e do absolutismo. Com o absolutismo e com o mercantilismo o Estado passava a controlar a economia e a buscar colônias para adquirir metais (metalismo) através da exploração. Isso para garantir o enriquecimento da metrópole.

Esse enriquecimento favorece a burguesia - classe que detém os meios de produção - que passa a contestar o poder do rei, resultando na crise do sistema absolutista. E com as revoluções burguesas, como a Revolução Francesa e a Revolução Inglesa, estava garantido o triunfo do capitalismo.



A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, inicia-se um processo ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de lucro e acúmulo de capital. Na Europa Ocidental, a burguesia assume o controle econômico e político. As sociedades vão superando os tradicionais critérios da aristocracia (principalmente a do privilégio de nascimento) e a força do capital se impõe. Surgem as primeiras teorias econômicas: a fisiocracia e o liberalismo. Na Inglaterra, o escocês Adam Smith (1723-1790), precursor do liberalismo econômico, publica Uma Investigação sobre Naturezas e Causas da Riqueza das Nações, em que defende a livre-iniciativa e a não-interferência do Estado na economia.

Deste ponto, para a atual realidade econômica, pequenas mudanças estruturais ocorreram em nosso sistema capitalista.

No capitalismo, a sociedade está dividida em classes sociais, os meios de produção (indústrias, comércios, bancos e terras) são propriedade privada e a produção de mercadorias e a geração de serviços destina-se ao mercado consumidor, com os donos desses meios de produção (empresários) visando à ampliação de seu capital, enquanto que aqueles que não possuem os meios de produção (empregados), trabalham para os que possuem, em troca de um pagamento (salário).

O desenvolvimento do capitalismo foi marcado pelo conflito entre estas duas classes sociais: com os empresários buscando lucros maiores e os empregados buscando melhores condições de trabalho e melhores salários. Atualmente, com os elevados índices de desemprego no mundo, a garantia do emprego vem sendo o principal ponto de luta dos trabalhadores em muitos países.

Todo esforço da economia capitalista, está voltado para o mercado, pois de modo geral, é o mercado que determina o preço e acirra a concorrência entre as empresas, sendo as necessidades do consumidor que orientam os investimentos dos empresários na criação de novos produtos e serviços, reduzirem custos na produção (matérias-primas e componentes mais baratos, redução de mão-de-obra e tempo na produção).

O Capitalismo atravessou quatro fases em seu desenvolvimento: capitalismo comercial, capitalismo industrial, capitalismo financeiro e capitalismo informacional.





O Capitalismo Comercial teve início no século XVI, com a intensificação do comércio na Europa e as grandes navegações, que se tornou possível graças ao desenvolvimento do transporte marítimo com a invenção das caravelas e da bússola que possibilitou a navegação para lugares distantes culminando no descobrimento da América. Os pioneiros nesta empreitada foram Portugal e Espanha ao descobrirem novas rotas comerciais para a Ásia, principal entreposto para fornecimento de matérias-primas e que mantinham forte relacionamento comercial com a Europa.

Com a chegada dos europeus a América, o continente foi incorporado às relações internacionais, levando a colonização dessas terras, adotando-se o mercantilismo, que consistia na doutrina econômica que orientava o capitalismo comercial, com a acumulação de metais preciosos, tendo uma balança comercial favorável (exportações maiores que as importações), o protecionismo (proteção ao mercado interno com altos impostos), o uso de mão-de-obra escrava e a proibição do comércio das colônias com outros Estados a não ser a própria metrópole (pacto colonial), características estas que marcaram esta primeira fase.



Assim, as grandes navegações, os descobrimentos e a colonização marcaram o capitalismo comercial, dominando as relações econômicas, políticas e sociais entre os séculos XV e XVIII.

Com o advento da Revolução Industrial na Inglaterra, na segunda metade do séc. XVIII e início do séc. XIX esse sistema de produção já havia se espalhado para outros países europeus, provocando profundas transformações na sociedade, economia e na organização do espaço geográfico mundial e iniciou o que chamamos de segunda fase do capitalismo – o capitalismo industrial.



A Primeira Revolução tem como característica principal a invenção da máquina a vapor na produção de mercadorias, substituindo o trabalho manufaturado, possibilitando a produção em larga escala e a introdução do sistema fabril, onde cada trabalhador realizava uma etapa específica do trabalho. Além da implantação da máquina na produção, essa invenção também revolucionou o sistema de transportes, com a introdução das locomotivas e dos barcos a vapor.

Com a introdução de novas técnicas de produção e na organização do trabalho possibilitou o enriquecimento dos países, a intensificação do livre comércio, o investimento em novas tecnologias e a ampliação do mercado consumidor. Nesse sentido, ampliar a capacidade de produção visando um enriquecimento maior dos países fez se necessário ampliar também o mercado consumidor e conquistar novas áreas para fornecimento de matérias-primas. Estabeleceu uma Divisão Internacional do Trabalho, entre as novas potências industriais européias, fornecedoras de produtos industrializados e as regiões especializadas na produção de matérias-primas agrícolas e minerais.

As novas nações industrializadas já não interessavam mais as regras do mercantilismo, isto é, o pacto colonial, o protecionismo e o uso de mão de obra escrava. Desta forma, países como Inglaterra e França irão incentivar vários movimentos pela independência das colônias americanas, coibir o tráfico negreiro e financiar movimentos abolicionistas, de forma a expandir o mercado consumidor e fornecedor de matérias-primas.

Surge uma nova doutrina econômica baseada na liberdade econômica e do mercado, com o Estado se afastando das relações de produção e comerciais. As relações internacionais passam a se basear nas leis de mercado, da oferta e da procura, da livre concorrência, do trabalho livre e assalariado. Trata-se do liberalismo.

Com a independência dos territórios na América, o capitalismo industrial foi marcado pela forte presença dominadora européia agora voltada para a África e a Ásia com a exploração de seus recursos naturais, imposição de sistemas de produção e conquista do mercado consumidor, aumentando a interferência humana na natureza. Esse novo período de dominação ficou conhecido como neocolonialismo.

Como as fábricas precisavam de muitas pessoas para trabalhar, milhares de pessoas deslocaram-se do campo para as cidades (êxodo rural) que começaram a crescer rapidamente, apresentando problemas ambientais e sociais, fazendo com que as condições de vida dessas populações urbanas fossem precárias.

No séc. XVIII, intensificou-se o processo de industrialização, que aumentou em grande escala a produção de mercadorias e o consumo das mesmas. Devido a estes acontecimentos gerou-se uma grande transformação na sociedade.





As transformações foram: o trabalhador torna-se apenas possuidor da força de trabalho, que vende ao capitalismo, tornando-se dependente deste para sua sobrevivência, a jornada de trabalho se estendia até as dezesseis horas diárias. Assim a servidão dá lugar ao trabalho assalariado. A população foi atraída para os centros urbanos, provocando o êxodo rural.









Países europeus como a Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e Itália, eram considerados grandes potências industriais. Na América, eram os Estados Unidos quem apresentavam um grande desenvolvimento no campo industrial. Todos estes países exerceram atitudes imperialistas, pois estavam interessados em formar grandes impérios econômicos, levando suas áreas de influência para outros continentes.

Com o objetivo de aumentarem sua margem de lucro e também de conseguirem um custo consideravelmente baixo, estes países se dirigiram à África, Ásia e Oceania, dominando e explorando estes povos. Não muito diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, que utilizou como desculpa a divulgação do cristianismo; o neocolonialismo do século XIX usou o argumento de levar o progresso da ciência e da tecnologia ao mundo.

Na verdade, o que estes países realmente queriam era o reconhecimento industrial internacional, e, para isso, foram em busca de locais onde pudessem encontrar matérias primas e fontes de energia. Os países escolhidos foram colonizados e seus povos desrespeitados. Um exemplo deste desrespeito foi o ponto culminante da dominação neocolonialista, quando países europeus dividiram entre si os territórios africano e asiático, sem sequer levar em conta as diferenças éticas e culturais destes povos.



O capitalismo industrial foi marcado por transformações na economia, na sociedade, na política e cultura. Uma de suas características mais importantes foi a de transformar da natureza, uma quantidade bem maior de produtos aos consumidores, o que multiplicava o lucro dos produtores.

A essência do sistema não era mais o comércio. O bom lucro vinha da produção de mercadorias. O mecanismo da exploração capitalista foi chamada por Karl Marx de mais valia.

Mais valia: o trabalhador assalariado recebe uma remuneração por cada jornada de trabalho. Mas o trabalhador produz um valor maior do que aquele que recebe em forma de salário. Essa parte de trabalho não pago fica no bolso dos donos das fábricas, minas e etc. Assim todo produto vendido traz uma parte que não é paga aos trabalhadores, permitindo o acúmulo de capitais.

Por isso que o regime assalariado é a melhor forma de trabalho no capitalismo. O trabalhador assalariado alem de produzir mais, tem condições de comprar os produtos. Com isso a escravidão foi “extinta” quando o trabalhador assalariado começou a predominar.

Com o aumento da produção também houve o aumento de mão-de-obra, energia, matéria-prima e mercado para os seus produtos. A industrialização estava não só na Europa, mais também nos Estados Unidos, e no Japão estava começando.

Na segunda metade do séc XIX, com a invenção do motor a explosão (movido a derivados de petróleo) e a geração da energia elétrica, provocaram mudanças significativas na economia mundial, iniciando a Segunda Revolução Industrial que foi marcada pelo desenvolvimento das indústrias metalúrgicas, siderúrgicas e de máquinas e equipamentos industriais. Também nesta época, surge o automóvel que impulsionou a indústria petrolífera e com o desenvolvimento da geração de energia elétrica, tornou possível o surgimento do motor elétrico e a produção dos primeiros eletrodomésticos.

Mudanças importantes estavam ocorrendo: a produtividade e a capacidade de produção aumentavam rapidamente; e a produção em série crescia. Na segunda metade do século XIX, estava acontecendo a Segunda Revolução Industrial. Um dos aspectos importantes desse período foi a introdução de tecnologias e novas fontes de energia, passou a haver um interesse para a pesquisa cientifica com o objetivo de desenvolver novas e melhores técnicas de produção.



A descoberta da eletricidade beneficiou não só as industriais como a sociedade em geral, melhorando a qualidade de vida. Com o desenvolvimento do motor, e utilização de combustíveis derivados do petróleo foi aberta novas formas de transporte. Com o grande aumento da produção, houve também competição para se ganhar mercados consumidores e novas fontes de matérias-primas.



Foi nessa época que ocorreu a expansão imperialista na África e Ásia. Esses continentes foram partilhados entre os países imperialistas. Com essa partilha consolidou-se a divisão internacional do trabalho, em que as colônias se especializavam em fornecer matérias-primas com o preço bem barato aos países que estavam se industrializando.

Nessa época surge uma potencia industrial fora da Europa, os Estados Unidos. Eles adotaram o lema ‘A América para os americanos’. Os Estados Unidos tinham como área de influencia econômica e política a América Latina. Em fins do século XIX também começou a surgir o Japão como potência. Passou a disputar territórios com as potencias européias, principalmente o território da China.

Apesar de a primeira metade do século XX ser marcada por avanços tecnológicos, foi também um período de instabilidade econômica e geopolítica. Houve a Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Em poucas décadas o capitalismo passou por crises e transformações

A produção dessas mercadorias exigiu grandes investimentos em tecnologia, obrigando algumas empresas a se associarem para aumentar sua capacidade produtiva e competitiva. Muitas empresas se associaram a instituições bancárias para o financiamento de pesquisas tecnológicas e aumento de capital, desenvolvendo o mercado financeiro com as Bolsas de Valores onde as ações da empresas começaram a ser comercializadas, dando início a fase do capitalismo financeiro.

Com o crescimento acelerado do capitalismo passou a surgir e crescer rapidamente várias empresas, por causa do processo de concentração e centralização de capitais. A grande concorrência favoreceu as grandes empresas, o que levou a fusões e incorporações, trazendo monopolização em muitos setores da economia.

O capitalismo dessa forma entrava em sua fase financeira e monopolista. O inicio dessa nova fase capitalista coincidiu com o período da expansão imperialista (1875 – 1914), em fins do século XIX e meados do século XX. Mas a consolidação só ocorreu após a Primeira Guerra Mundial, quando as empresas ganharam mais poder e influencia.

A expansão do mercado de capitais é uma marca do capitalismo financeiro. Nos Estados Unidos se consolidou um grande mercado de capitais. As empresas foram aumentando seus capitais através da venda de ações em bolsas de valores. Permitindo assim, a formação de enormes corporações.



Os bancos passam a ter um papel importante como financiadores de produção. A livre concorrência e o livre mercado passam a ser substituídos por um mercado oligopolizado. O Estado também começa a intervir na economia.





Em 1929 apesar de o capitalismo financeiro crescer houve uma grande crise, que levou milhares de bancos e indústrias a falência, causando até 1933 quatorze milhões de desempregados. Essa crise se deu devido a grande produção industrial e agrícola, mas pouca expansão do mercado de consumo externo; a industria européia passa a importar menos e exportar menos dos Estados Unidos; exagerada especulação com ações na bolsa de valores. Porem acreditava-se, segundo os preceitos liberais, que o Estado não deveria se interferir na economia.

Mas em 1933 foi elaborado e colocado em prática o New Deal, pelo presidente Franklin Roosevelt. Foi um plano de obras públicas, com o objetivo de acabar com o desemprego, sendo este plano fundamental para melhorar a economia norte-americana. Surge uma nova doutrina econômica para regular o mercado e as relações internacionais - o keynesianismo - política de intervenção estatal numa economia oligopolizada. Recebeu este nome porque seu principal teórico e defensor foi John M. Keynes.



Com o capitalismo financeiro houve uma fusão entre o capital industrial e o capital bancário, tornando-se os bancos acionistas de várias indústrias e passando a investir na produção. Com a venda de ações, as indústrias ampliaram seu capital e conseqüentemente seu parque industrial dando início as grandes fusões e aquisições entre empresas, levando ao desaparecimento de várias pequenas indústrias que eram absorvidas pelas grandes empresas.

Por isso o capitalismo financeiro também é chamado de capitalismo monopolista, quando uma grande empresa domina e controla grande parte das vendas de um determinado produto e mercado, surgindo assim o monopólio. Com a união entre várias empresas, surge outra categoria de indústrias conhecidas como oligopólios, quando o mercado é dominado por um grupo de empresas, reduzindo a concorrência e impondo seus preços. Surgem os grandes conglomerados de empresas, gigantescas indústrias com alto nível de tecnologia.

Trustes – grandes grupos que controlam todas as etapas da produção, desde a retirada de matéria-prima da natureza até a distribuição das mercadorias.

Cartel – associação entre empresas para uma atuação coordenada, estabelecendo um preço comum, restringindo a livre concorrência. Geralmente elevam o preço em comum.

O truste é o resultado típico do capitalismo, que leva a fusão e incorporação de empresas de um mesmo setor de atividade. Já o cartel surge quando empresas visam partilhar entre si, através de acordo, um determinado mercado ou setor da economia.

Surgiram também através dos trustes os conglomerados. Eles são corporações que atuam no capitalismo monopolista. Resultantes de uma grande ampliação e diversificação dos negócios, visam dominar a oferta de determinados produtos e serviços no mercado.

Um dos maiores conglomerados do mundo é o Mitsubishi Group, que fabrica desde alimentos, automóveis, aço, aparelhos de som, televisores, navios, aviões e etc. O Mitsubishi tem como financiador o banco Mitsubishi, que após a sua fusão, Tokyo-Mitsubishi, se tornou o maior do planeta.

Após a Segunda Guerra Mundial, as antigas potências européias foram entrando num processo de decadência, perdendo seus domínios coloniais na Ásia e África. Esse período pós-guerra foi o início do atual processo de globalização da economia

Com o advento da 3ª Revolução Industrial a partir da década de 1970, o capitalismo atinge sua fase informacional global, quando se disseminam entre as empresas e aplicadas aos meios de produção, novas tecnologias como a robótica, a informática, avanço nas telecomunicações com o uso de satélites, fibras óticas, telefonia móvel e a internet, com o nascimento da chamada indústria telemática, ou seja, a união da indústria de informática e a industria de telecomunicações. Todos esses avanços introduzidos com a revolução técnico-cientifíca, são responsáveis pelo aumento da produtividade e pela aceleração dos fluxos de capitais, mercadorias, informações e de pessoas.

Nesta etapa, o capitalismo continua financeiro e industrial, pois essas novas tecnologias empregadas no processo produtivo permitiram a multiplicação do acúmulo de capital, o desenvolvimento de novos produtos, aumentando a competitividade no mercado internacional entre as empresas (indústrias, comercio e serviços), numa verdadeira economia globalizada.



Entretanto, a característica fundamental desta fase é a crescente importância do conhecimento, da informação organizada e da qualificação de mão-de-obra. Os produtos e serviços exigem cada vez mais conhecimentos a eles agregados, tanto na fase de produção, quanto na fase de consumo. A indústria, o comércio e o mercado consumidor exigem produtos de qualidade, matérias-primas mais baratas e mão-de-obra qualificada,

Assim, as revoluções industriais anteriores foram movidas a energia: a Primeira a carvão, a Segunda a petróleo e eletricidade, mas a Terceira Revolução Industrial é movida a conhecimento. Outra grande mudança na geopolítica da produção, foi que as primeiras indústrias, se desenvolveram junto às fontes de matérias-primas e energia (bacias carboníferas) e atualmente essas instituições típicas da revolução informacional, estão próximas a universidades e centros de pesquisas, onde se desenvolvem os chamados tecnopolos, em razão da presença de indústrias de alta tecnologia como a robótica, informática, telecomunicações e biotecnologia.



Nenhum país está imune aos interesses das grandes corporações e a crescente circulação de capitais, mercadorias, informações e pessoas, característica importante da globalização que é o atual momento da expansão capitalista. Pode-se afirmar que a globalização está para o capitalismo informacional, assim como o colonialismo esteve para o capitalismo comercial e o imperialismo para o capitalismo industrial e financeiro.

Trata-se de uma expansão que visa aumentar os mercados, o controle e o lucro das grandes transnacionais, razão pela qual, uma nova doutrina desponta contrapondo-se ao keynesianismo. Surge o neoliberalismo, que tem como objetivo reduzir as barreiras aos fluxos globais, com a não intervenção e a redução do papel do Estado na economia globalizada, as privatizações de empresas estatais, abertura de mercados a produtos importados e a flexibilização da legislação trabalhista, beneficiando os países desenvolvidos e industrializados e suas corporações multinacionais.

Outra característica desta fase do capitalismo informacional é a invasão de produtos de vários países, com a perda de identidade do que é nacional ou importado. A intensificação dos fluxos comerciais por todo o mundo é decorrente do avanço das redes de transportes, com mercadorias sendo levadas por enormes navios, trens, aviões e caminhões super-rápidos. Há assim uma globalização do consumo, resultante da mundialização da produção. Embora não se conheça o volume dos capitais especulativos (aqueles que não são investidos em produção) que circulam diariamente pelo sistema financeiro internacional, mesmo os capitais produtivos (aqueles investidos em produção, com novas indústrias, comércio e serviços) sabe-se que este fluxos de capitais atingem desigualmente o espaço geográfico mundial, concentrando-se nos países desenvolvidos e países emergentes, deixando áreas completamente abandonadas, sem qualquer tipo de investimento produtivo.



Paralelamente a globalização da produção e do consumo, temos também a globalização do fluxo de pessoas, acompanhada da invasão cultural, difundida pelos filmes de Holllywood, séries e novelas de TV, pela música, videoclipes, notícias e cadeias de lanchonetes fast foods.

Desta forma, desde a expansão do capitalismo no final do séc. XVI com as Grandes Navegações, o capitalismo vem integrando muitos países e regiões do planeta num único sistema. Depois de séculos de intensa mundialização do capitalismo, desenvolve-se um mundo quase integrado, controlado por alguns centros de poder econômico e políticos em poucos lugares do planeta. Os lugares que apresentam melhores redes de infra-estrutura e maior poder aquisitivo são privilegiados, com a globalização se desenvolvendo de forma bastante desigual no espaço geográfico mundial, com alguns países e regiões mais integradas que outros.

domingo, 30 de maio de 2010

O Período Entre-Guerras

A década de 20


Os EUA,pós 1ª guerra, passaram por uma década de desenvolvimento em escalas cada vez mais surpreendentes: com o parque industrial da Europa em ruínas e se reerguendo dos estragos da guerra, os EUA se tornaram uma potência exportadora de produtos (tanto agrícolas quanto industriais), especialmente para os países europeus. Assim, a atividade industrial americana crescia assustadoramente, juntamente com o consumo interno: incentivados por crédito fácil, preços baixos e uma confiança cada vez maior na economia, os americanos (especialmente a classe média) aumentaram sua taxa de consumo a níveis galopantes (bem maiores que sua real capacidade de gasto – ou seja, compravam com dinheiro que não tinham), criando o ideal de consumo conhecido até hoje como “the american way of life”. O aumento exorbitante do consumo incentivava as empresas a aumentar a produtividade, o que aumentava a confiança externa na economia como um todo. Mas, simultaneamente à prosperidade econômica americana nos anos que sucederam a 1ª Guerra, ocorreu a recuperação da economia das potências européias, que em 1927 já voltavam a produzir 15% a mais que a produção anterior ao conflito. Assim, não era mais necessário importar tantos produtos dos EUA – muito pelo contrário, os produtos europeus começaram a fazer concorrência aos americanos, causando uma baixa nos preços. O mais inteligente a se fazer com o consumo externo (e também o interno) diminuindo seria reduzir também a oferta de produtos (assim os preços se manteriam). Mas a produção não foi reduzida e os preços começaram a cair: daí a crise de superprodução, que gerou prejuízo para muitas empresas, inclusive empresas que tinham preços de ações altíssimos. Percebendo que as ações que compravam eram de empresas em prejuízos, muitos investidores começaram a retirar seus investimentos e vender suas ações (na maioria das vezes a preços cada vez mais baixos) – era a bolha especulativa estourando de vez e resultando na Quebra/Crack da Bolsa de Valores de Nova Iorque, centro financeiro do mundo, na chamada Quinta-Feira Negra (24 de outubro de 1929). Era o colapso do capitalismo liberal , não só nos EUA, mas em todo mundo: a crise atingiu todos os continentes e, em menos de 3 anos, quadruplicou o desemprego, reduzindo o volume de transações comerciais para um terço do que era em 1929. Era hora de se repensar o capitalismo e o liberalismo.

1929 – 1932: o Pré-Guerra – Recuperação Econômica e Fortalecimento do Estado

Com a crise de 1929 e a consequente Depressão Mundial de 1930, os valores liberais foram por terra: se o maior pólo industrial, comercial e liberal do mundo ruiu, não há porque manter o capitalismo com as bases liberais. A idéia então, foi a retomada do controle da economia por parte do Estado.Um dos maiores exemplos de intervenção estatal na economia aconteceu nos EUA quando, em 1932, subiu ao poder o democrata Franklin D. Roosevelt. Inspirado e baseado nas projeções e ideias econômicas de John Maynard Keynes (que foi inclusive seu assessor), Roosevelt instaurou no país o pacote de medidas chamado de “New Deal” (novo acordo, novo negócio). O New Deal era um plano intervencionista que aumentava a participação do Estado na economia através do aumento dos gastos públicos (mais obras estatais para gerar mais empregos), das leis trabalhistas (que favoreciam o trabalhador, tais como a diminuição da jornada de trabalho para 8 horas, a extinção do trabalho infantil, a organização dos sindicatos trabalhistas, entre outros) e do protecionismo estatal (priorizando as exportações em detrimento das importações). O New Deal foi base para muitos planos estatais europeus e gerou, na década seguinte, o Welfare State (Estado do Bem-Estar Social, conjunto de políticas assistencialistas que ficou popular depois da 2ª Guerra para impedir o avanço das políticas coletivistas socialistas).

Introdução : As causas da Segunda Guerra Mundial

Um conflito desta magnitude não começa sem importantes causas ou motivos. Podemos dizer que vários fatores influenciaram o início deste conflito. Quase todos os historiadores concordam que a causa diplomática mais profunda da Segunda Guerra Mundial tem sua origem no Tratado de Versalhes, assinado entre as potências vencedoras da Primeira Grande Guerra. Estas sanções aplicadas pelos vencedores tornaram-se fonte de amargos rancores, que facilmente foram explorados pela extrema direita nacionalista (nazistas que começam a proliferar na Alemanha em 1919). O grande erro do Tratado de Versalhes foi ter ferido profundamente o sentimento nacional dos alemães, e, por outro lado, não lhes ter suprimido o potencial industrial.

A crise econômica que se abate sobre o sistema capitalista mundial a partir de 1929, vai ser o fator mais poderoso para que um novo arranjo do poder em escala mundial seja pleiteado. Tanto a Itália quanto a Alemanha passavam por uma grave crise econômica no início da década de 1930, com milhões de cidadãos sem emprego.

Há então o surgimento, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na Alemanha surgiu o nazismo, liderado por Hitler e que pretendia expandir o território Alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes, inclusive reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra. Na Itália estava crescendo o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, que se tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites. Uma das soluções tomadas pelos governos fascistas destes países foi a industrialização, principalmente na criação de indústrias de armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, navios, tanques etc).

Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Estes três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo com fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em comum acordo.

O Início

O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo com a política de alianças militares existentes na época, formaram-se dois grupos : Aliados (liderados por Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) e Eixo (Alemanha, Itália e Japão ).

Desenvolvimento e Fatos Históricos Importantes:

• O período de 1939 a 1941 foi marcado por vitórias do Eixo, lideradas pelas forças armadas da Alemanha, que conquistou o Norte da França, Iugoslávia, Polônia, Ucrânia, Noruega e territórios no norte da África. O Japão anexou a Manchúria, enquanto a Itália conquistava a Albânia e territórios da Líbia.

• Em 1941 o Japão ataca a base militar norte-americana de Pearl Harbor no Oceano Pacífico (Havaí).

• De 1941 a 1945 ocorreram as derrotas do Eixo, iniciadas com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso inverno russo. Neste período, ocorre uma regressão das forças do Eixo que sofrem derrotas seguidas. Com a entrada dos EUA, os aliados ganharam força nas frentes de batalhas.

• O Brasil participa diretamente, enviando para a Itália (região de Monte Cassino) os pracinhas da FEB, Força Expedicionária Brasileira. Os cerca de 25 mil soldados brasileiros conquistam a região, somando uma importante vitória ao lado dos Aliados.

Final e Consequências

Este importante e triste conflito terminou somente no ano de 1945 com a rendição da Alemanha e Itália. O Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu um forte ataque dos Estados Unidos, que despejou bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagazaki. Uma ação desnecessária que provocou a morte de milhares de cidadãos japoneses inocentes, deixando um rastro de destruição nestas cidades.

Os prejuízos foram enormes, principalmente para os países derrotados. Foram milhões de mortos e feridos, cidades destruídas, indústrias e zonas rurais arrasadas e dívidas incalculáveis. O racismo esteve presente e deixou uma ferida grave, principalmente na Alemanha, onde os nazistas mandaram para campos de concentração e mataram aproximadamente seis milhões de judeus.

Com o final do conflito, em 1945, foi criada a ONU ( Organização das Nações Unidas ), cujo objetivo principal seria a manutenção da paz entre as nações. Inicia-se também um período conhecido como Guerra Fria, colocando agora, em lados opostos, Estados Unidos e União Soviética. Uma disputa geopolítica entre o capitalismo norte-americano e o socialismo soviético, onde ambos países buscavam ampliar suas áreas de influência sem entrar em conflitos armados.

A GUERRA FRIA

A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo.

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos.

A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã.



Paz Armada

Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a existência da Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque inimigo.

Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era defender os interesses militares dos países membros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.

Alguns países membros da OTAN : Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.

Alguns países membros do Pacto de Varsóvia : URSS, Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

Corrida Espacial

EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria, pois havia uma certa disputa entre as potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial norte-americana.

Caça às Bruxas

Os EUA liderou uma forte política de combate ao comunismo em seu território e no mundo. Usando o cinema, a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgou uma campanha valorizando o "american way of life". Vários cidadãos americanos foram presos ou marginalizados por defenderem idéias próximas ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo com tudo que havia de ruim no planeta.

Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.

"Cortina de Ferro"

Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A República Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha, com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que venceram a guerra : URSS, EUA, França e Inglaterra. No final da década de 1940 é levantado Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas partes : uma capitalista e outra socialista. É a vergonhosa "cortina de ferro".

Plano Marshall e COMECON

As duas potências desenvolveram planos para desenvolver economicamente os países membros. No final da década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente através de empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.

Fim da Guerra Fria

A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Conferência das partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima

Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas


Conferência das Partes - Estrutura e Funcionamento

A Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas foi instituída como uma Convenção Quadro, em 1992, quando da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – ECO-92, com o principal objetivo de estabilizar as emissões atmosféricas de gases de efeito estufa, em nível que possa impedir interferência perigosa sobre o sistema climático global.

COP 1 - 1995 Inicia o processo de negociação de metas e prazos específicos para a redução de emissões de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos. É sugerida a constituição de um Protocolo.

COP 2 - 1996 É acordado a criação de obrigações legais de metas de redução por meio da Declaração de Genebra.

COP 3 - 1997 Culminou com a adoção do Protocolo de Quioto, estabelecendo metas de redução de gases de efeito estufa para os principais países emissores.



COP 4 - 1998 O Plano de Ação de Buenos Aires é elaborado, visando um plano de trabalho para implementar e ratificar o Protocolo de Quioto.



COP 5 - 1999 Deu continuidade aos trabalhos iniciados em Buenos Aires.



COP 6 - 2000 As negociações são suspensas pela falta de acordo entre, especificamente, a União Européia e os Estados Unidos em assuntos relacionados a sumidouros e às atividades de mudança do uso da terra.



COP 7 - 2001 As negociações são retomadas, porém, com a saída dos Estados Unidos do processo de negociação, sob a alegação de que os custos para a redução de emissões seriam muito elevados para a economia americana, bem como a contestação sobre a inexistência de metas para os países do sul.

COP 8 - 2002 Iniciou a discussão sobre o estabelecimento de metas de uso de fontes renováveis na matriz energética dos países.

COP 9 - 2003 Entra em destaque a questão da regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do MDL(Mecanismo de desenvolvimento limpo).



COP 10 - 2004 São aprovadas as regras para a implementação do Protocolo de Quioto e discutidas as questões relacionadas à regulamentação de projetos de MDL de pequena escala de reflorestamento/florestamento, o período pós-Quioto e a necessidade de metas mais rigorosas.

COP 11/ MOP1 - 2005 11ª Conferência das Partes e 1ª Reunião das Partes do Protocolo de Quioto (MOP1). Primeira conferência realizada após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto. Pela primeira vez, a questão das emissões oriundas do desmatamento tropical e mudanças no uso da terra é aceita oficialmente nas discussões no âmbito da Convenção.



COP 12/MOP2 - 2006 Representantes de 189 nações assumem o compromisso de revisar o Protocolo de Quioto e regras são estipuladas para o financiamento de projetos de adaptação em países pobres. O governo brasileiro propõe oficialmente a criação de um mecanismo que promova efetivamente a redução de emissões de gases de efeito estufa em países em desenvolvimento oriundas do desmatamento.



COP 13/MOP3 - 2007 Pela primeira vez a questão de florestas é incluída no texto da decisão final da Conferência para ser considerada no próximo tratado climático, tendo os países um prazo até 2009 para definir as metas de redução de emissões oriundas do desmatamento em países em desenvolvimento pós-2012.



COP 14/MOP4 - 2008 Continuidade no processo de negociações estabelecido pelo “Mapa do Caminho de Bali” (Bali Road Map) em 2007 com o objetivo de definir um novo acordo legal nas decisões de Copenhagen, em 2009, durante a COP15/MOP5.



COP15/MOP15 -2009 Término do período de dois anos de negociações estabelecido pelo “Mapa do Caminho de Bali” (Bali Road Map), definição de um acordo internacional que substituirá o Protocolo de Quioto, que deverá estabelecer novas metas para os países do Anexo I e deverá incluir metas de redução de emissões oriundas de desmatamento em países em desenvolvimento, pós-2012.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Revoluções agrícola, Verde e Transgênicos

Professor Rodrigo - Geografia
A evolução da capacidade de produção, nos últimos 50 anos, foi em média superior ao crescimento da população mundial. Apesar disso, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), neste início de milênio, 852 milhões de pessoas viviam em estado de fome crônica ou de subnutrição, sendo que 815 milhões nos países subdesenvolvidos.

O espaço rural de vários países se modernizou. A mecanização agrícola, o uso da biotecnologia, de sistemas de estocagem e escoamento da produção tornaram a agropecuária mais produtiva e competitiva. Os investimentos e o controle da produção agrícola por grandes empresas disseminou a utilização de produtos apropriados à correção do solo, de adubos químicos, de agrotóxicos, de rações, de sementes geneticamente modificadas, etc. Por outro lado, diversas regiões do mundo vivem as tragédias da subnutrição e da fome.

O Brasil em seu imenso território vive essa mesma contradição. Coloca-se entre os dez maiores exportadores agrícolas mundiais, desenvolve uma agricultura moderna e de elevada competitividade, possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, ao mesmo tempo em que uma parte expressiva da população rural vive em condições miseráveis.

A revolução agrícola

O primeiro grande avanço tecnológico nas atividades agropecuárias ocorreu dentro do mesmo processo da Revolução Industrial, no século 18. Os países que se industrializaram nesse período modernizaram os seus sistemas de cultivo, elevaram a produção e a produtividade - produzir mais com menos terra e mão-de-obra -- introduziram novas técnicas com o desenvolvimento de instrumentos agrícolas.

A migração para as cidades, nesse período, também diminuiu o número de pessoas envolvidas nas atividades agrícolas. Dessa forma, a Revolução Industrial e a intensa urbanização0 gerada por ela exigiram uma Revolução Agrícola, capaz de ampliar o fornecimento de matérias-primas à indústria e a produção de alimentos necessária ao abastecimento de uma população que se urbanizava.

A Revolução Verde

A partir da segunda metade do século 20, os países desenvolvidos criaram uma estratégia de elevação da produção agrícola mundial por meio da introdução de técnicas mais apropriadas de cultivo, mecanização, uso de fertilizantes, defensivos agrícolas e a utilização de sementes VAR (Variedades de Alto Rendimento) em substituição às sementes tradicionais, menos resistentes aos defensivos agrícolas. Concebido nos Estados Unidos, esse processo ficou conhecido como Revolução Verde. Sua principal bandeira era combater a fome e a miséria dos países mais pobres, por meio da introdução de técnicas mais modernas de cultivo.

Ao mesmo tempo em que modernizou a agricultura em alguns países subdesenvolvidos, a Revolução Verde elevou a dependência em relação aos países mais ricos que detinham a tecnologia indispensável ao cultivo das novas sementes e forneciam os insumos necessários para viabilizar a produção.

A elevação da produtividade diminuiu o preço de diversos produtos para o consumidor, mas o custo dos insumos aumentou numa escala muito maior. A produção de determinados gêneros contemplados pela Revolução Verde era viável quando realizada em grande escala, em grandes propriedades agrícolas.
Dessa forma, muitos pequenos proprietários ligados à agricultura comercial ficaram incapacitados de incorporar essas novas tecnologias, abandonaram suas atividades e venderam as suas propriedades, com impacto desastroso na estrutura fundiária de diversos países, entre eles o Brasil. Quanto à erradicação da fome, a principal promessa da Revolução Verde, os próprios dados da ONU mostram os resultados insuficientes.

A Revolução Transgênica

Os transgênicos são espécies cuja constituição genética foi alterada artificialmente e convertida a uma forma que não existe na natureza. É um ser vivo que recebeu um gene de outra espécie animal ou vegetal. O gene inserido pode vir de outra planta ou mesmo de outra espécie completamente diferente. No caso das plantas a modificação é feita visando um organismo com características diferentes das suas, como por exemplo tornar uma planta mais resistente a pragas e insetos. A planta resultante dessa inserção passa a ser denominada como "geneticamente modificada"
A partir de 1953, com a descoberta da estrutura das moléculas do DNA, a biotecnologia provocou uma nova revolução na agricultura. Com isso o homem viu a possibilidade de manipular, trocar de lugar as letras do código genético e já na década de 70, descobriu-se como unir fragmentos de diferentes espécies.
Através de técnicas utilizadas para alteração de genes em diferentes organismos, com a fusão de genes de espécies diferentes que jamais se cruzariam na natureza, foram criadas diversas variedades transgênicas ou OGMs (Organismos Geneticamente Modificados).
Pouco mais de dez anos depois, as primeiras plantas transgênicas passaram a ser produzidas comercialmente e com isso a biotecnologia ganhou cada vez mais destaque no cenário científico e tecnológico, com a promessa de uma agricultura mais produtiva e menos dependente do uso de agrotóxicos. E com essa promessa vieram também as dúvidas sobre os efeitos secundários dos transgênicos e as conseqüências que podem provocar na saúde e no ambiente.

É uma discussão que envolve oposições econômicas, sociais e ambientais. De um lado estão os defensores da biotecnologia, que defendem o aumento da produção de alimentos a partir da redução de custos a ponto de atacar o problema da fome mundial. De outro lado, estão aqueles que argumentam sobre o impacto ainda desconhecido dos transgênicos sobre a saúde e o meio ambiente.
As principais variedades transgênicas da grande agricultura como soja, milho, algodão, canela, mandioca, tabaco, arroz, tomate e trigo são controladas atualmente por poucas empresas multinacionais como a Novartis, a Monsanto, a Du Pont, a AstraZeneca e a Aventis.
Como as sementes transgênicas, diferentemente das sementes tradicionais, nunca são geradas pela própria planta e, portanto, têm que ser adquiridas a cada novo plantio, teme-se que tais corporações assumam o controle da produção das sementes transgênicas e isso resulte no controle do mercado mundial de alimentos, apesar da vasta produção de produtos orgânicos.
Talvez o mundo não esteja ainda totalmente preparado para os grandes avanços da era da moderna biotecnologia ou tecnologia do DNA recombinante. A chegada da genética como a nova matéria prima da economia, provavelmente irá causar grandes modificações na história da humanidade.

Transgênicos no Brasil

Em março de 2005, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei da Biossegurança, essa Lei tem o objetivo de proteger a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país, ou seja, um conjunto de medidas destinadas à prevenção de riscos em processos de pesquisas, serviços e atividades econômicas que possam garantir a saúde humana e evitar impactos negativos ao meio ambiente. A Lei da Biossegurança funciona através da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CNTBio, do Ministério da Ciência e Tecnologia. No Brasil, é crime liberar no ambiente OGMs sem autorização da CTNBio.

A CTNBio é a instituição responsável em proteger a diversidade e integridade do patrimônio genético brasileiro pelo estabelecimento de normas de segurança e de pareceres técnicos relativos que autorizam ou não testes de campo, produção e comercialização de OGMs.
A viabilidade da agricultura menos dependente de insumos e mais produtiva é uma realidade no mundo todo. No Brasil, a questão sobre plantar ou não transgênicos não pode ser dirigida somente às questões voltadas ao mercado consumidor, pois envolvem aspectos de natureza econômica, política e social.
Governos e instituições devem se cercar de todas as garantias que indiquem, previnam e evitem males resultantes da introdução precipitada e em larga escala de qualquer tecnologia que, se usada sem cautela, em vez de ser uma arma capaz de ajudar a produzir alimentos, pode resultar em desastres, uma vez que os riscos à saúde e ao ambiente não foram ainda suficientemente estudados.

Os prós e contra das novas culturas



Na discussão entre os defensores e os opositores dos OMGs, são levantados vários pontos, alguns ainda não possuem resultado científico conclusivo. Conheça alguns deles:

• Argumentos a favor: O argumento mais forte em defesa e difusão da agricultura transgênica é a necessidade urgente de ampliar a produção de alimentos como forma de solucionar o problema da fome no planeta. Tendo em vista o problema da subnutrição em várias partes do globo, acredita-se que a indústria biotecnológica possa na constituição dessas novas culturas, incorporar nutrientes importantes para fornecerem uma alimentação mais completa às populações, como o novo arroz transgênico, rico em vitamina A. Há também a promessa do cultivo dos super alimentos: legumes, grãos e verduras mais nutritivos, resistentes a agrotóxicos, e com menos gordura. Fora isso, pelo que se conhece até aqui, pesa a favor dos transgênicos a melhor adaptação às mais diferentes características de solo e variação de temperaturas, logo, são culturas mais resistentes, produtivas e menos dependentes de agrotóxicos que as tradicionais.

• Argumentos contra: O principal argumento contra o cultivo dos transgênicos seria a dúvida sobre seus efeitos secundários e as conseqüências que podem provocar à saúde e ao fato de se tornarem incontroláveis uma vez lançados no meio ambiente. Ou seja, seu impacto na saúde e na natureza ainda é desconhecido.
Outro fator contrário ao cultivo dos OMGs atinge diretamente a área econômica. Segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio) a engenharia genética poderá aumentar o domínio dos países pobres pelos detentores dessas tecnologias, ou seja, os países ricos. Para os opositores aos OMGs, o argumento defendido quanto ao combate à fome não deve ser levado em conta, uma vez que a produção agrícola no mundo é suficiente para isso, o grande problema é sua má distribuição.




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Cláudio Mendonça: Professor do Colégio Stockler e autor de "Geografia Geral e do Brasil" (Ensino Médio) e "Território e Sociedade no Mundo Globalizado" (Ensino Médio).

http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u13.jhtm

terça-feira, 19 de janeiro de 2010


Terremoto no Haiti: o requiém de um País sofrido.

As tragédias sempre abalaram o Haiti.

Região, onde hoje está o Haiti, que foi cedida à França pela Espanha em 1697 foi, no século XVIII, a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açucar, cacau e café.
Após uma revolta de escravos, a servidão foi abolida em 1794. Nesse mesmo ano, a França passou a dominar toda a ilha. Mas em 1801, o ex-escravo Toussint Louverture tornou-se governador-geral, mas, logo depois, foi deposto e morto pelos franceses. O líder Jacques Dessalines organizou o exército e derrotou os franceses em 1803. No ano seguinte, foi declarada a independência e Dessalines proclamou-se imperador..
Depois de 1804, para que o exemplo fundando a primeira nação americana livre da escravidão não galvanizasse as Américas, os escravistas europeus e estadunidenses mantiveram o Haiti sob bloqueio comercial por 60 anos.
Posteriormente, para por fim ao bloqueio, o Haiti, sob o governo de Jean Pierre Boyer, cercado por pela frota da ex-metrópole, concordou em assinar um tratado pelo qual seu país pagaria à França uma indenização de 150 milhões de francos a título de indenização. A dívida depois foi reduzida para 90 milhões, mas assim mesmo isso exauriu a economia.
De lá para cá, o País nunca mais se equilibrou. Seu povo foi vítima de uma ditadura que passou de pai para filho (Papa Doc para Baby Doc) de 1957 a 1986, que governou com mão de ferro o País.
Depois de mais um período de grande conturbação política, foram realizadas eleições presidenciais livres em dezembro de 1990, vencida pelo padre Jean Bertrand Aristides. Em setembro de 1991, Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cerdas e se exilou nos EUA. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA impuseram sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder.

Mais desgraça ao povo..

Aristides retorna ao poder, mas em seguida, sob suspeita de fraudes eleitorais, Aristides foi retirado do país por militares norte-americanos, contra sua vontade, e conseguiu asilo na África do Sul. De acordo com as regras de sucessão constitucional, o presidente do Supremo Tribunal (Cour suprême), Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência interinamente e requisitou, de imediato, assistência das ONU para apoiar uma transição política pacífica e constitucional e manter a segurança interna. Nesse sentido, o Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interina (MIF), liderada pelo Brasil, que prontamente iniciou seu desdobramento.
Quer dizer, os interesses internacionais, impuseram ao povo sofrido deste pequeno País, através dos seguidos bloqueios econômicos, miséria, fome e desespernaça. Nestas crises, onde não havia nem mesmo combustível, foram disimadas todas as florestas, para obtenção de lenha.
Para arrematar a desgraça deste País, onde a maioria do seu povo é de origem dos ex-escravos africanos, um terremoto mata milhares de pessoas no início deste ano e destrói o que ainda restava em pé.
O Brasil, em 2004, assumiu a liderança para a pacificação e reconstrução do Haiti, tarefa hercúlea que conseguiu, a duras penas, um início de reorganização política e social. Com o terremoto, o Presidente Lula, destinou 10 milhões de Reais para ajudar as vítimas mas, para variar, a direita reacionária, a oposição e os colunistas da mídia brasileira, deitaram críticas ao ato presidencial. Sob a justificativa de que o Brasil tem seus problemas, este dinheiro deveria ficar por aqui.



Se você quer saber mais sobre como ocorrem e em quais regiões do nosso planeta existe uma maior incidência de abalos sísmicos, encontrei no mesmo site da BBC uma interessante animação que mostra como acontecem os terremotos de forma clara e precisa. É só clicar no link abaixo.http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2010/01/100113_terremotoguiaanimado.shtml

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Após 9 anos de Nafta, México vive pobreza e desemprego

Assinado em 1994, o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) foi vendido como a salvação para a economia mexicana. Após nove anos de acordo, mais da metade dos mexicanos vive na pobreza, 19% na indigência, e desemprego continua crescendo. Marco Aurélio Weissheimer, Agência Carta Maior, 3 de julho, 2003
Um dos principais argumentos utilizados pelo governo dos EUA para defender a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) é o benefício trazido pelo Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) aos países participantes (México, Canadá e EUA). A população mexicana ainda aguarda a concretização desses benefícios. Mais da metade dela vive na pobreza e 19% na indigência. Nos anos de vigência do Nafta, a cesta básica de alimentos aumentou em 560% o seu valor, enquanto que os salários cresceram apenas 136%.
O Nafta é um acordo de livre comércio que estabelece uma eliminação tarifária progressiva, de forma que após dez anos do início do acordo (1994), as barreiras comerciais deixariam de existir. Dentro das regras estabelecidas para o acordo, visou-se principalmente proteger as economias dos países envolvidos e impedir que outros países pudessem ter acesso ao mercado norte americano por meio desse acordo. Na área de serviços, o Nafta prevê uma abertura comercial, de forma a permitir o comércio entre fronteiras e ainda uma garantia de direitos de propriedade intelectual e tratamento diferenciado para os setores têxtil, de vestuário, automotriz, de energia, de agricultura, de transporte terrestre e de telecomunicações.
Em vigor desde 1994, o Nafta serve de exemplo para demonstrar o que acontece quando países em situações econômicas, sociais e tecnológicas muito diferentes organizam um bloco de livre circulação de investimentos e mercadorias. Segundo análise do Economic Policy Institute, de Washington, os resultados foram piores para o México, mas também trouxe derrotas para os trabalhadores norte-americanos. Empresas dos EUA fecharam e foram instalar-se no México, onde a mão-de-obra era mais barata e as leis trabalhistas mais flexíveis. Nos EUA, estima-se que pelo menos 766 mil postos de trabalho foram eliminados na indústria.
“Maquiladoras” são campeãs em trabalho infantil Uma das novidades introduzidas pelo Nafta foi a instalação das chamadas “maquiladoras” no México, empresas imunes às leis trabalhistas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), essas empresas são as que mais empregam mão-de-obra infantil no planeta, colocando o país como campeão mundial da categoria: 5 milhões de crianças menores de 14 anos estão trabalhando. Elas são as únicas empresas que, estatisticamente, trouxeram mais empregos. De 1999 à 2000, cresceram 13,4% e ocupam 1,3 milhão de pessoas. Essa indústria é hoje responsável por 47% do total das exportações mexicanas. Os salários, porém, encolheram após o Nafta. Em 1994, era em média US$ 2,10 por hora na indústria manufatureira, caindo para US$ 1,90 por hora em 1999. E apesar do trabalho informal ter aumentado, a renda individual caiu 40% em média, já que não é possível haver espaço nem mercado para tantos trabalhadores demitidos do trabalho formal.
Os defensores do acordo argumentam que ele provocou uma grande elevação das exportações mexicanas. De fato, nos primeiros três meses de vigência do Nafta, as exportações do México cresceram 25%, mas suas importações aumentaram 73%. Ao invés das prometidas 600 mil vagas de emprego, ao final do primeiro trimestre havia 105.225 empregos a menos no país, segundo cifras oficiais. Enquanto isso, as exportações de automóveis produzidos nos EUA para o México cresceram cinco vezes em comparação com o mesmo período de 1993.
Aumento do desemprego Quando o Nafta entrou em vigor, em 1994, a opinião dominante era de que o México experimentaria uma nova fase de crescimento econômico, com forte geração de empregos. Os governos do Canadá, México e EUA assinaram o acordo anunciando uma era de prosperidade para toda a região. Dez anos depois, mais da metade da população mexicana permanece vivendo na pobreza e o desemprego cresce há dois anos, especialmente nos setores exportadores, os quais, supostamente, deveriam ser os maiores beneficiados pela assinatura do Nafta. A análise é do jornal Financial Times, em matéria publicada nesta terça-feira (dia 1°) que analisa os efeitos do Nafta para a economia mexicana. Segundo a matéria do jornal inglês, a economia mexicana fracassou na tentativa de melhorar sua competitividade durante a primeira década do Nafta, perdendo para a China o posto de maior exportador para os EUA.
O problema do desemprego vem se agravando em razão do quadro recessivo da economia norte-americana. A Volkswagen do México, instalada no município de Cuautlancingo, estado de Puebla, acaba de anunciar a demissão de dois mil trabalhadores, o que representa 20% do total de empregados da empresa. A empresa decidiu reduzir em 24% seu programa de produção para 2003 em razão da queda das vendas nos mercados de exportação, especialmente nos EUA. Segundo Thomas Karig Geretch, diretor de Relações Corporativas e Estratégia da empresa, as demissões são necessárias para “equilibrar os custos e manter a estabilidade das finanças”. “A redução de 24% no programa de produção tem como conseqüência direta a diminuição do número de trabalhadores”, admitiu o executivo da Volkswagen. A empresa admite rever sua decisão caso o sindicato de trabalhadores aceite discutir redução dos salários.
Além de causar sérios prejuízos para a economia de toda a região de Puebla, a decisão da Volkswagen é um fator de inquietação para as demais montadoras de automóveis instaladas no país, que também sofrem prejuízos com a queda nas vendas dos seus produtos. Essa queda é um indicativo da persistência do quadro recessivo nos EUA, principal mercado comprador dos automóveis produzidos no México.
Atrelamento total à economia dos EUA Segundo o economista Osvaldo Martinez, diretor do Centro de Investigações da Economia Mundial, o acordo trouxe mais prejuízos do que benefícios para o México, gerando um quadro de deterioração da economia nacional e de retrocesso social, com agravamento do problema do desemprego. Nos anos 70, sem o Nafta, a economia mexicana cresceu em média 6,6% ao ano, enquanto que nos anos 90, com o Nafta, seu crescimento foi de 3,1% ao ano. Examinando esse crescimento por habitante, nos anos 70 o produto per capita mexicano cresceu 3,4% em média por ano, enquanto que, nos anos 90, esse crescimento foi de apenas 1,3% ao ano.
Estima-se que, neste período, o trabalho informal abrange cerca de 50% do total dos trabalhadores mexicanos em atividade. Esses trabalhadores não têm qualquer direito trabalhista, recebem baixos salários, não têm direito à sindicalização, aposentadoria, férias ou licença por motivo de doença. Numa população perto de 100 milhões de habitantes, cerca de 20 milhões sobrevivem em precárias condições de trabalho.
Outro argumento utilizado pelos defensores do Nafta é que o acordo provocou um grande fluxo de investimentos internacionais para o México. De fato, entre 1998 e 2000, o México assistiu ao ingresso de 36,4 bilhões de dólares de investimentos estrangeiros. No entanto, no mesmo período, o déficit em conta corrente do país chegou a 48,7 bilhões de dólares. Em 2000, a dívida externa mexicana alcançava os 163,2 bilhões de dólares, mais do que o dobro da registrada em 1982, quando estourou a crise da dívida na América Latina.
Para Oswaldo Martinez, o Nafta representou uma crescente dependência das relações econômicas do México com os EUA. Antes do acordo, essas relações eram mais diversificadas com o resto do mundo. Após o Nafta, cerca de 74% das importações mexicanas vêm dos EUA e 89% das exportações são dirigidas a este país. Quando a economia norte-americana sofre uma queda, como ocorre atualmente, a mexicana cai junto.
Desnacionalização da economia As locomotivas da economia mexicana são cerca de 300 grandes empresas, a maioria delas filiais de transnacionais norte-americanas. Em torno delas, agrupam-se as empresas “maquiladoras”, (situadas na região da fronteira com os EUA, onde se montam produtos com peças e componentes vindos do país vizinho com vantagens decorrentes da mão-de-obra barata) que simplesmente fazem a montagem dos produtos e importam praticamente tudo, explorando a mão-de-obra mexicana, cerca de 15 vezes mais barata do que a norte-americana. Esse grupo de 300 empresas, somadas às maquiladoras, são responsáveis por cerca de 96% das exportações mexicanas. Os 4% restantes vêm de pequenas e médias empresas, permanentemente ameaçadas de absorção pela grande ou simplesmente de fechamento.
A desnacionalização da economia mexicana é total. No setor têxtil, 71% das empresas são norte-americanas, que se instalaram no país depois de aniquilar a concorrência mexicana. Segundo estudo feito por economistas mexicanos, para cada dólar de exportação industrial do México para os EUA, há apenas 18% de componentes nacionais. No caso das “maquiladoras”, para cada dólar exportado a participação de componentes mexicanos é de apenas 2 centavos. O transporte de carga por rodovias, após a criação do Nafta, foi liberado imediatamente, ao contrário do que ocorreu no processo de integração européia, onde essa experiência demorou 40 anos para virar realidade. Um dos efeitos dessa medida é que o estado do Texas rejeita cerca de 50% do transporte mexicano, o Arizona, 42% e a Califórnia, 28%. Os três estados fazem fronteira com o México.
Concorrência desigual na agricultura No setor agrícola, os prejuízos não são menores. Em janeiro deste ano, milhares de agricultores mexicanos reuniram-se na capital do país para uma enorme manifestação contra a entrada do México no Nafta. Os manifestantes pediram novas políticas agrícolas e pecuárias e a saída imediata do México da Nafta. Eles afirmam que uma cláusula do pacto que entrou em vigor em janeiro – permitindo a entrada de produtos agropecuários livres de taxação – terá um efeito devastador nas fazendas mexicanas. Segundo dados da Câmara Comercial Brasil-México, atualmente 90% do intercâmbio comercial mexicano é feito com os Estados Unidos. As exportações mexicanas de produtos agropecuários aumentaram nos últimos anos, saltando de US$ 3,2 bilhões, em 1993, para US$ 6,2 bilhões, em 2001. No entanto, a importação de produtos agropecuários norte-americanos pelo México também subiu muito.
Os produtores mexicanos, especialmente os pequenos e médios, não tiveram condições de enfrentar o poderoso sistema de subsídios que sustenta a agricultura norte-americana e a superioridade tecnológica dos seus vizinhos. A produção mexicana de arroz foi substituída pelas importações dos EUA, que representam hoje mais de 50% do consumo mexicano desse cereal. A batata, tradicional produto da pauta de exportações mexicana, foi barrada no mercado norte-americano, sob o pretexto de barreiras fito-sanitárias. Enquanto isso, a batata dos EUA invadiu o mercado mexicano.
O México também era um importante exportador de algodão. Passou a ser um dos maiores importadores do produto. A superfície agrícola do México foi reduzida e calcula-se que há hoje cerca de seis milhões de camponeses sem terra, que antes trabalham em cultivos que foram substituídos por produtos norte-americanos importados. Esses camponeses engrossaram as fileiras dos mexicanos que tentam atravessar o muro que os EUA construíram na fronteira com o México, ao longo do rio Grande. Muito deles acabam morrendo ou sendo presos pela polícia de imigração norte-americana. Após quase uma década de vigência do acordo, mais da metade da população mexicana não tem muito a comemorar.
Agência Carta Maior Mundo

A Ford na Bahia. Um exemplo de neocolonização e subserviência

"Povo que não tem virtudes termina por ser escravo"
Eu sou professor do Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal da Bahia. Contando com a vinda da Ford começamos logo a fazer projetos de reestruturação do curso com foco na área automotiva, não era só a Ford, vinham mais 32 sistemistas. Hoje o desencanto é geral, já com a fabrica produzindo, verifica-se uma espetacular obra de predação ao estado. Mesmo com a procura insistente por parte de alguns professores deslumbrados, até hoje não existe qualquer relação, ou mesmo proposta, da Ford ou das sistemistas, com Escola Politécnica, que é a escola que reúne os cursos de engenharia na Universidade Federal da Bahia. A medida que vamos conhecendo melhor o empreendimento e as relações da montadora com a comunidade vamos percebendo, até com surpresa, a postura absolutamente avarenta, senhorial e assimétrica. É só "venha a nós o vosso reino" ou, seguindo a doutrina de Kennedy, "Não perguntes jamais o que a Ford pode fazer pela Bahia, mas sim o que a Bahia pode fazer pela Ford" Todo o universo, empresa mais fornecedoras, não absorveu mais que 20 engenheiros formados aqui na Bahia, a maioria vem de fora. Os salários são baixos, estão na faixa de R$ 1.500,00 a R$ 2.500,00 com um nível mínimo de assistência. A fábrica está localizada no complexo industrial de Camaçarí que abriga o Pólo Petroquímico, distante cerca de 55 km de Salvador. Pois a Ford não oferece nenhum tipo de transporte aos seus funcionários, ao contrário das outras empresas petroquímicas do complexo que transportam os seus trabalhadores, conforme é, aliás, tradição nas relações de trabalho em industrias que tem alguma distância do centro urbano. A Ford, o que fez em relação a esta prática? Foi exigir que a prefeitura de Camaçari, cidade que dista 7km. do distrito industrial do Pólo, construísse uma ciclovia, de Camaçari até a fábrica. Os empregos foram criados, em grande parte, no exterior. Por exemplo, a sistemista responsável pela pintura, uma empresa americana, trouxe todos os funcionários de nível, do México e dos Estados Unidos e pelo jeito que este pessoal está comprando residências, e trazendo a família, vieram para ficar, pelo menos, por algum tempo. Para os baianos restaram as vagas de emprego primário muito mal remuneradas, média de 500,00 reais quando as mesmas funções, em São Paulo, valem de 1.200,00 a 1500,00, no pólo petroquímico a média de funções equivalentes é de 760, 00 reais (e sem transporte, de Salvador, ou mesmo Camaçari, até a fábrica). As facilidades criadas para estimular a instalação da montadora mostram uma singular lição de subserviência e levaram a algumas concessões que são absolutamente escandalosas. A Ford exigiu, e obteve (aliás ganhou tudo o que quis, deve estar arrependida de não haver pedido mais) um contrato de financiamento de capital de giro no qual o Estado Tupiniquim, vejam só! Compromete-se a financiar um montante equivalente a 12% do faturamento bruto da empresa, oriundo das operações com produtos nacionais ou IMPORTADOS comercializados na Bahia. (é por isto que o pátio da empresa, estrategicamente escondido aos acessos normais da fábrica, está repleto de automóveis Ford Focus e camionetes Ranger vindos da Argentina, antes desembarcados em São Paulo que alem de ser o centro consumidor fica muito mais perto da procedência) Aqui vai um comentário; Apesar desta operação estar travestida de financiamento de capital de giro, na prática ela representa um incentivo fiscal, uma vez que o financiamento corresponderá ao total do ICMS devido, com prazo para pagamento de 22 anos, sendo que sobre este valor não incidirão juros e correção monetária e ainda poderá ser liquidado antecipadamente com descontos nunca concedidos em nosso sistema financeiro. É um exemplo de renuncia fiscal jamais visto. Pode parecer, mas os números não estão errados, foram obtidos através de um relatório interno do Tribunal de Contas do Estado (TCE). É uma facilidade tão imoral que não prevê qualquer correção, mesmo com o pagamento em 22 anos, após o qual se fará no valor histórico e com a possibilidade de desconto que pode alcançar a totalidade do débito. Que nome pode se dar a isto que não seja "doação". O que não está no contrato mas deve constar no acordo é o compromisso das espetaculares obras de infra estrutura, exigidas, ao capricho, pela Ford. Para construir o porto exclusivo da Ford, o estado da Bahia está pagando R$ 31 milhões á construtora Norberto Odebrecht. terá uma área de estacionamento com capacidade de 6000 veículos mas nem aí serão criados empregos porque a empresa que vai administrar o porto e operar os equipamentos é norte-americana, a Crowley, emprego nacional só para a mulher do cafezinho e para o vigilante. A malha viária, no entorno da fábrica, foi reconstruída segundo a exigência, de tal forma que as estradas que dela fazem parte, são hoje as mais perfeitas do país. A terraplenagem da fábrica, os acessos e o resto da infraestrutura também foram doados pelo Estado. Para atender a todas as imposições da montadora, incluindo o empréstimo, outra doação! conseguir financiar o compromisso, e honrar o acordo de vassalagem, o Governo da Bahia desviou o seu orçamento diminuindo flagrantemente o investimento social. A Educação e a Saúde encontram-se em um verdadeiro caos na Bahia (é proibido reprovar nas escolas estaduais, mesmo os alunos que não comparecem as provas passam de ano. O estado não pode arcar com o custo de reprovação). Mas agora vem o pior, pasmem! A região metropolitana de Salvador que já era recordista nacional de desemprego, teve, segundo relatório do DIEESE e também do IBGE, o índice de desemprego aumentado no ano passado, enquanto no mesmo período o desemprego na região metropolitana de Porto Alegre diminuiu! E vejam que ironia! Através do mesmo relatório, declara, que uma das causas deste rebaixamento, foi o crescimento da industria de substituição de produtos importados. Se o Governo tivesse aplicado um terço do que deu a Ford para o desenvolvimento de uma industria nacional, a Gurgel, por ex., eu não tenho duvida que em cinco ou seis anos o Brasil estaria exportando automóveis desenvolvidos com tecnologia endógena. É quixotesco? Quem foi que desenvolveu a tecnologia do motor 1000 ? Hoje a maior revolução na industria automotiva nacional. Há trinta e seis anos, a Coréia era um Paraguai em relação ao Brasil (que este exemplo sirva de estímulo ao nosso simpático vizinho).Quem não tem idéia do que é a Coréia hoje poderá conhece-la através das transmissões da Copa do Mundo. Tem Ford na Coréia? Mas tem fábrica Coreana nos Estados Unidos. Ao escrever este artigo duas frases me vem a lembrança que retratam o emblema desta contradição, uma eu encontrei em entrevista do Ministro da Educação, Paulo Renato Souza, à revista Exame quando ele declara.... não ser mais necessário realizar grandes investimentos em desenvolvimento de tecnologia pois esta já esta pronta lá fora, basta traze-la para o Brasil......, a outra eu busquei na letra do hino do Rio Grande, prega o seguinte: "Povo que não tem virtudes, termina por ser escravo"
*Iberê Luiz Nodari é professor do Departamento de Engenharia Mecânica, Escola Politécnica Universidade Federal da Bahia. Email: nodari@ufba.br